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Budismo, meditação e cultura de paz | Lama Padma Samten

Qual a diferença entre bolha e mandala? | Lama Padma Samten


Lama Padma Samten: A mandala vem mais tarde. Por exemplo, pode ser que nós cheguemos no final dessa prática (Prajnaparamita) e aí nós temos uma perda de energia com respeito ao funcionamento dentro das bolhas. Nós dizemos: “Ah! Isso é uma bolha. De novo eu estou fazendo força dentro da bolha, como se ela fosse real e ela não é. Acho que eu já estou um pouco cansado de ficar fazendo força dentro da bolha e não está adiantando nada. Isso não vai dar em nada mesmo.”
Então, essa meditação da vacuidade, do Prajnaparamita, vai extinguir as raízes das estruturas cármicas, ela vai comer por baixo as raízes das estruturas cármicas. Na sequência, pode ser que nós fiquemos com uma cara meio estranha, por quê? Porque nós precisamos da estrutura cármica para termos uma cara mais ou menos apresentável e nos inserirmos no mundo, caso contrário, “eu vou tomar banho por quê? Vou comer por quê? Vou trabalhar por quê? ” Aquilo vai ficando uma coisa estranha.
Então, vem o ressurgimento, nós precisamos ressurgir de um outro modo. Nós vamos entender o ensinamento da motivação, nós precisaríamos fazer uma curva rápida e voltar para a motivação no nascimento do Lótus, que é simbolizado por Guru Rinpoche. Ou seja, nós precisamos ter a capacidade de ver o engano, ver o nascimento da bolha, ver os seres todos enfiados dentro da bolha, os nossos filhos junto, quanto mais filho melhor! Vamos olhando aquela situação toda, aquilo borbulhando e nós vamos sentir que temos que cuidar desses seres, porque eles estão achando que está tudo bem.
Isso não é incrível? Nós deveríamos ter que incriminar alguém porque nascemos nisso e não sabemos dessa coisa toda. Uma boa pergunta é: por que é que nós não sabemos? Como é que nós não entendemos essa complicação toda? Mas é isso: os seres estão condenados. Então, vem essa imagem tradicional: a casa está em chamas. A casa em chamas é o nosso próprio corpo, ele vai ser consumido. As nossas bolhas, as bolhas onde nós estamos estão em chamas, vão se dissolver. Isso corresponde à ignorância, o lodo e a água, às lágrimas. Nesse momento, brota em nós o talo do lótus ou não brota? O talo do lótus é o interesse positivo pelas coisas que estão no mundo. Nós vamos desempenhar um papel dentro disso, nós vamos fazer alguma coisa dentro disso.
Esse é o talo do lótus que aparece e vai reacender os nossos olhos em meio a esses mundos condicionados, nós precisamos disso. Depois, brota a flor de lótus – que são os múltiplos meios hábeis para beneficiar, então, a pessoa pensa: “bom, eu vou trabalhar com as pessoas que sofreram traumas”. Isso seria um conjunto de pétalas maravilhoso. A pessoa então diz: “isso é o que eu vou fazer, eu vou ajudar as pessoas no meio disso” A pessoa senta em cima da flor e é como se ela adotasse aquele movimento para surgir. As diferentes deidades são isso.
O que acontece? Quando a pessoa está sentada sobre uma flor, com essa mente não brota uma bolha, brotaria uma bolha se a pessoa tivesse uma visão limitada, de uma identidade, mas ela não tem mais uma visão limitada, ela tem uma visão aberta e ela diz: “eu vou atuar desse modo, eu vou atuar cuidando das pessoas que estão em meio aos traumas”, aí a pessoa olha o planeta inteiro e está vendo as regiões de traumas.
Pode ser que outro sente na flor e diga: “eu vou cuidar da alimentação das pessoas”, aí ele olha e ele está vendo outras coisas. Aí outros vão dizer: “eu vou cuidar da mente, vou cuidar do corpo, vou cuidar da energia.” Cada um deles têm alguma coisa. A visão de mundo que brota disso é a Mandala, do mesmo modo que brota a bolha da sala de meditação. Mas essa sala de meditação já seria um exemplo de terra pura.
Tem também esses exemplos intermediários, que não são mandalas propriamente, são as terras puras. São lugares onde o caminho surge magicamente. Dentro de nós, nós temos uma noção de caminho, uma noção de fazermos a prática, e aí nós olhamos e surge a sala de meditação, surgem as almofadas, surge tudo. Isso surge concretamente, surge tangivelmente. Nós tocamos nas coisas e vemos, mas se nós saímos dessa visão de terra pura, nós podemos pensar: “as pessoas enlouqueceram, todo mundo passou três dias sentados aqui no chão, passando mal. ”
As mandalas, de um modo geral, surgem pelos Vidyadharas, pelos grandes mestres que são detentores de visão. Então existe, por exemplo, a Mandala da Compaixão. Nós sentamos sobre o lótus para praticarmos compaixão, em todas as direções. Isso é a Mandala de Chenrezig. Tem outros que sentam sobre o lótus para cortar toda a ignorância, Mandala de Manjushri. Antropomorficamente, Manjushri tem uma espada na mão e ele corta a ignorância. Nós podemos sentar na mandala para curar o corpo das pessoas, o corpo e a mente das pessoas, o que seria a mandala do Buda da medicina: “OM BEKANDZE BEKANDZE MAHA BEKANDZE RANDZE SAMUNGATE SOHA”. Esse é o mantra dele. Ele tem um corpo azul, um olho profundo; ele tem uma tigela com uma planta dentro e uma planta na mão.
E assim surgem essas diferentes mentes que são amplas, que não estão limitadas nem pelas energias, nem pelas bolhas e elas mesmas criam as suas próprias mandalas, as suas visões de mundo.

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