O apego é uma das manifestações dos doze elos, está estruturado dentro dos doze elos. Está ligado ao gostar e não gostar. Está ligado aos vedanas. Se nós nos manifestarmos através dos vedanas, o apego é inevitável, porque ele é geminado com a estrutura de gostar ou não gostar, que são os vedanas, ele está junto. Se o amor está baseado nos vedanas, ele é uma forma de explicar o que a gente gosta e não gosta. Mas é um amor que não se estrutura na perspectiva das quatro qualidades incomensuráveis: compaixão, amor, alegria, equanimidade. Mas nós temos essa outra forma de se mover, os bodisatvas se movem desse outro modo.
Os Bodisatvas começam com a estabilização da energia. Por exemplo, o que a gente gosta ou não gosta faz a energia se mover, o apego protege esse movimento de energia. Mas se nós geramos uma energia autônoma, podemos manifestar o amor do bodisatva, que está ligado à apreciação das qualidades do outro e ao movimento em favor da ação incrementadora e pacificadora. Ele vai atuar desse modo, mas ele tem como pré-requisito a estabilidade da energia, se ele não tiver a estabilidade da energia, a pessoa fica na dependência de uma circunstância, aí surge apego. Se aquela circunstância não segue, aí a nossa energia fica mal e nós ficamos mal junto, que é o processo usual dentro do Samsara, que é regido pelos doze elos. Mas não é necessário que seja assim.
No caso das relações, tem coisas agradáveis e desagradáveis. Se a gente consegue manter a energia estável nas coisas agradáveis e desagradáveis, esse é um bom treinamento do amor dos Bodisatvas!
O mestre Dogen privilegia a compaixão absoluta, que corresponde ao aspecto de compreensão das coisas, compreensão elevada, compreensão final das coisas. A maior compaixão que pode haver é viver corretamente nesse nível. Essa é a visão do mestre Dogen. Essa é a visão também de Dilgo Khyentse Rinpoche. É um caminho, a gente entra pela compaixão humana e chega na compaixão absoluta. A gente vai praticando as seis perfeições e vai avançando.