Transcrição de uma resposta oferecida na 8ª noite do Retiro de Verão 2016 (13 de fevereiro), no CEBB Caminho do Meio, em Viamão, RS.
Resposta do Lama Padma Samten
Eu não sei bem o que acontece no dia a dia, né? Mas eu tenderia a levar eles para uma bolha, direto, enrolar eles, ou seja, criar uma outra coisa. Tipo Doutores da Alegria. Tirar eles daquele universo meio complicado, simplesmente desconhecer aquilo, andar em outra direção. Porque eles tem muita profundidade. A gente não, de modo geral, a gente tem a tendência de subestimar as crianças, mas eles são muito profundos. Então se vocês pararem e olharem nos olhos deles, eles entendem tudo. E se tu disser: “Olha, é assim. Só fica calmo, respire com calma e tudo vai se resolver.” Pode ser que eles entendam.
Eu acho melhor não explicar muito, não pretender controle deles. Eles não tem controle, mas eles tem fantasia. Se a fantasia levar eles pra algum universo, assim, eles vão direto. Eles colaboram, eles facilitam, mesmo que eles não acreditem muito.
Mas o aspecto mais formal é mais difícil pra eles. Se eles tiverem que fazer opções, é bem difícil. Esse aspecto assim: “Ver uma coisa ou ver outra coisa, então vou por aqui, não por ali”, é bem difícil pra eles.
Melhor chegar brincando. Falando de outra coisa. Um aspecto que eu acho super interessante é que as crianças ficam muito magnetizadas com outras crianças. Então se tu tiver alguma outra criança chegando junto, isso é super interessante. Um outro aspecto que eu acho muito notável, é que, por exemplo, com os adultos isso funciona, mas também funciona com as crianças. Por exemplo, tu explica para alguma outra criança que não está ali, que aquela outra está passando por isso e como ela poderia ajudar.
Então essa criança que tu levar junto vai avançar muito, muito. E eles entendem, eles vão ser compassivos e vão ajudar. Eles tem essa compreensão. Como eles tem um magnetismo, é mais fácil ajudar uma criança através de outra criança, do que através de ti. Não que tu não tenha magnetismo, né? Mas as crianças tem essa conexão, aí o teu magnetismo proteje o conjunto, mas a criança faz o contato mais fácil com a outra.
Às vezes o contato não precisa nem ser direto, ou seja, tu começa a fazer alguma coisa, eles tem uma curiosidade natural. Às vezes puxar a curiosidade natural deles é melhor do que tu chegar invadindo a atenção deles, pretender a atenção deles pra alguma coisa. Aí tu desperta a curiosidade e a atenção vem junto. Aí se for outra criança, aquilo é direto, é magnético. Eles se olham e se entendem.
Vídeo do ensinamento
A resposta acima está em 30:29.