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Inauguração do Templo do CEBB Mendjila, em Canelinha/SC

Nos últimos dias de Outubro de 2015 foi inaugurado o templo do CEBB Mendjila, em Canelinha / SC, o segundo templo sob a orientação de Lama Padma Samten.

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Lama Samten, antes conhecido pelo nome gaúcho, Alfredo Aveline, foi aluno de S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche, um grande mestre da linhagem Nyingma do Budismo Tibetano. Depois de visitar o Brasil, Chagdud Rinpoche decidiu viver aqui no país, fundando em 1996 a primeira sala de meditação do templo Chagdud Gonpa Khadro Ling na serra gaúcha, no município de Três Coroas / RS. 1996 foi também o ano em que Alfredo foi nomeado Lama Padma Samten, passando a ser um mestre autorizado a preservar e transmitir a linhagem do budismo tibetano.

Lama Samten seguiu então o trabalho por dentro da sanga de Porto Alegre, que já existia na forma do Centro de Estudos Budistas (CEB) desde 1986. No ano seguinte, em 1997, foi comprada uma terra no município vizinho de Viamão, que daria origem ao CEBB Caminho do Meio. Anos mais tarde, seria construído um templo naquelas terras, em volta do qual passou a morar uma comunidade crescente de praticantes — que em 2015 contava com mais de 120 moradores.
Ao longo dos anos, sangas associadas ao CEBB e ao Lama Samten foram surgindo em diversas cidades pelo Brasil. Muitas dessas sangas desejaram também comprar terras e viver em comunidades mais retiradas, em contato com a natureza e com um ambiente mais favorável para o aprofundamento da prática e do treinamento da mente. Assim foram surgindo, nos últimos anos, as diferentes Aldeias CEBB.

Com essa motivação, as sangas de Santa Catarina (Florianópolis, Itajaí, Joinville, etc.) compraram 10 hectares de terra no município de Canelinha, que receberiam uma área para retiros com o lama, além de 30 lotes para moradores da sanga e uma área de recuperação ambiental. Logo construiu-se uma pequena olaria para produzir tijolos ecológicos; esses tijolos passaram a servir de base para todos os prédios construídos nos anos seguintes: refeitório, alojamentos, casas de moradores e, finalmente, um templo.

Assim foi tomando forma o sonho de um segundo templo para o CEBB, construído com tijolos ecológicos. O projeto, com uma área de 324 metros quadrados e capacidade para 300 pessoas, resultou em um templo ainda maior que o de Viamão. O templo e a aldeia receberam o nome de Mendjila, deidade tibetana conhecida como “Buda da Medicina”, como expressão da vocação deste centro em Canelinha para receber atividades ligadas ao cuidado com a saúde.

Inauguração

A cerimônia de inauguração do templo foi um retiro de uma semana com Lama Padma Samten, de segunda, 26 de Outubro ao domingo, 1 de Novembro. Os primeiros quatro dias do retiro dedicaram-se exclusivamente à acumulação de preces de sete linhas e do mantra do buda da medicina (Mendjila), que deu nome ao templo. O Buda da Medicina é a personificação da inteligência que busca curar as pessoas de seus sofrimentos relativos até a cura final, que é a própria iluminação.



No final da semana, de sexta a segunda, Lama Samten deu ensinamentos associados ao Sutra do Diamante e às Seis Perfeições. Nas palavras do  lama,

O sutra do diamante tem muitas bençãos; os locais onde o sutra é recitado, reverenciado, colocado como um ensinamento a ser praticado, recebem muitas bençãos; esses locais se tornam extraordinários. Por isso ele é adequado para  estudarmos, praticarmos, examinarmos, contemplarmos dentro do contexto da inauguração de um espaço. O sutra do diamante tem esse aspecto maravilhoso que é o surgimento das qualidades através das quais praticamos no mundo — generosidade, moralidade, paz, energia constante, concentração e sabedoria — e, ao mesmo tempo, ele tem a capacidade de manifestar o aspecto de vacuidade associado a essas próprias qualidades.

Ensinamentos sobre o Sutra do Diamante e as Seis Perfeições, na inauguração do templo do CEBB Mendjila, em Canelinha/SC. Foto de Zé Paiva - Vista Imagens

No sábado, dia 31 de Outubro, houve também uma mesa redonda da Mandala de Saúde do CEBB Mendjila, para iniciar os movimentos de cuidado com a saúde nesta aldeia. Compunham a mesa: o próprio Lama Samten; Cleo Scherer, osteopata e focalizador da Mandala de Saúde do CEBB Mendjila; José Ricardo Oliveira, acupunturista e morador antigo do CEBB Caminho do Meio; e Adriana Pissetti, médica ayurvédica da sanga de Garopaba.


Seguindo o processo de imantação do templo, foram realizados cinco tsogs nas noites do retiro. Um tsog é uma cerimônia e uma prática do budismo vajrayana que envolve observar, através de comida dos diferentes sabores, como a nossa mente se engaja nos processos de “gostar” e “não gostar”. Assim, o tsog atende à dupla função de ser uma cerimônia festiva e uma prática avançada de treinamento da mente.




Uma das noites de tsog recebeu um cardápio pouco usual: sushis.







Na manhã do domingo ocorreu o marco formal da inauguração do templo: o hasteamento das bandeiras de oração, com acúmulo de preces e mantras. No budismo tibetano, as bandeiras das cinco cores representam os cinco Diani Budas, ou cinco aspectos da sabedoria compassiva, e as preces de sabedoria impressas nas bandeiras são vistas como tendo o poder de se espalhar pelo vento, junto com a própria sabedoria e as bençãos correspondentes.




O evento, enfim, congregou a sanga em torno de diversos movimentos para além da prática formal: cozinha, cuidado com as crianças, arte em geral. A sanga cresce com o templo e o templo cresce com a sanga, marcando um ponto fundamental no florescimento do budismo em Santa Catarina e no Brasil.





Que muitos seres possam ser beneficiados pelo templo e por toda a sabedoria que se congregar em torno dele!

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