Budismo, meditação e cultura de paz | Lama Padma Samten

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Bandeiras da Vitória e as Terras Puras

Trecho de ensinamento ministrado durante o Retiro de Verão 2016, no CEBB Caminho do Meio.

A gente vai cruzar pelo primeiro dia do ano tibetano, o losar. É uma coisa super maravilhosa essa oportunidade de estarmos aqui juntos nesse tempo. Neste ano, eu estou com a aspiração de invadir o samsara – naturalmente, atrás de Guru Rinpoche, Guru Rinpoche na frente e nós atrás… eu não vou na frente, né, não vou fazer essa bobagem (risos). Mas na verdade eu estava com essa aspiração e depois é que me dei conta de que era o ano de Guru Rinpoche, o ano do Macaco de Fogo. Pense, a coisa não é pouca! Guru Rinpoche também, surgiu no ano do Macaco de Fogo, agora voltou, não sei bem o porquê, mas, pelo sim e pelo não, é melhor a gente se harmonizar com isso (risos).
Então eu estava com essa aspiração, de a gente experimentar tensionar um pouquinho o samsara, dar um pouquinho de calor, gerar um programa que é inteligível no samsara. Então eu imaginei essa visão de Terra Pura. Visão de Terra Pura é assim: “a gente podia fazer um mundo melhor, vocês não acham?”, “Quem sabe a gente faz um mundo melhor?” Uma ideia original, assim, “quem sabe? (risos) “É… Por que não?” Por isso que eu digo, vai dar um pouquinho de tensão no samsara, porque o samsara é assim, quando chega uma outra ideia: “quem sabe a gente faz assim?”, o samsara reage. Mas aproveitando que o samsara está meio desajeitado… é como se o chi do samsara estivesse meio baixo. Quando o chi do samsara está todo organizado, andando, a gente fica esperando. Agora o chi do samsara baixou, a coisa está super desorganizada! Eu acho até que nós estamos um pouco atrasados. Então é como se a gente precisasse andar. Nós já testamos várias coisas, estamos testando e funcionando, os vários CEBBs rurais, as escolas, os vários funcionamentos… nós estamos avançando. Cada uma das coisas está num ponto, poderia avançar um pouco mais, e vai avançando, uma coisa depois da outra, e nós vamos indo.
Então eu imaginei de a gente se apresentar mais através das bandeiras. A gente cria alguma coisa do tipo, “Projeto Terra Pura” – que não é uma coisa nova, é o que nós já estamos fazendo – bota Guru Rinpoche na frente e diz: nós estamos indo. Eu imaginei de pendurar muitas bandeiras durante esse ano de tal maneira que as pessoas, só olhando para aquilo, acham que é uma boa coisa. As bandeiras tem essa visão: o vento vem e leva. Mas esse vento não é o vento, é o vento da mente; a gente olha aquilo e estabelece conexões. As pessoas vão perguntar: “o que é isso?”, a gente diz: “isso são as qualidades, os Cinco Diani Budas, a capacidade disso e daquilo…”. Se a gente trouxer essa linguagem onde a gente puder ajudar as pessoas a entender essas coisas mais sutis, o mundo inteiro muda! Melhora, entende? Tudo vai melhorando. Se a gente puder falar desse Quadro dos 200 Itens, que, enfim, começa com os Cinco Diani Budas e vem com as qualidades – Compaixão, Amor, Alegria, Equanimidade, Generosidade, Moralidade, Paz, Energia Constante, Concentração e Sabedoria – se a gente puder falar sobre isso, é uma boa coisa! Agora as pessoas estão acreditando mais no Budismo, em grande medida pelos mestres todos que vieram para o Ocidente, pela influência dos tibetanos, especialmente, Sua Santidade o Dalai Lama especialmente. Então nós estamos com essas bênçãos todas.
Eu sinto que é o momento de a gente pendurar muitas bandeiras por todos os lados. Então, nesse ano, eu pedi isso para as várias sangas – tudo um pouco em cima, com pouco tempo, mas está todo mundo se organizando e fazendo as bandeiras. Eu imaginei assim, fazer umas 5.000 bandeiras. Mas se não der, tudo bem, ao longo do ano a gente vai fazendo. Então a gente faz as bênçãos aqui, começa a fazer uma acumulação da Prece de Sete Linhas imantando as bandeiras. Imantar a bandeira é assim: a bandeira é um pedaço de pano com um silkscreen, do mesmo jeito que o templo é um conjunto de tijolos, ferro e cimento. Quando imantamos, aparece o templo! Imantar a bandeira é dotar aquilo de um aspecto sutil que a gente entende. Para a gente dotar as bandeiras de um aspecto sutil que a gente entende, a gente tem que fazer as preces dentro do âmbito da nossa visão. Aí, quando a gente olha as bandeiras, a gente vê aquilo, e aí conseguimos também passar essa visão para os outros. Então nós estamos nos preparando. Talvez hoje ou amanhã um conjunto de bandeiras já venha para cá e nós vamos fazendo nossas preces, nossas recitações, e aí vamos imantando isso.
Assim, sob o ponto de vista de Terra Pura, a gente reforça as escolas, a proteção ambiental, os centros de estudo, os lugares de retiro, o apoio aos praticantes que vêm e querem aprofundar e também não têm meios… nós vamos fazendo tudo isso andar. Também as pessoas podem fazer uma contribuição pelo trabalho das bandeiras, pelo surgimento das próprias bandeiras. Aí a gente constitui um fundo que vai apoiando as escolas, apoiando tudo… vem tudo girando junto. Aí nós vamos intensificando isso. Eu acho essencial. Se vocês olharem as regiões que estão em grande aflição em qualquer parte do mundo, incluindo aflição ambiental, olhem se lá tem generosidade, moralidade, paz, energia constante, concentração e sabedoria, ou compaixão, amor, alegria, equanimidade, ou os 5 Diani Budas. aí vocês veem que, na medida em que essas qualidades baixam, os obstáculos se ampliam rapidamente. Então a gente precisaria tomar essas bandeiras, tomar esse significado e conseguir ir levando isso adiante. Então esse é um projeto para 2016. Eu imagino que, à medida que a gente entra nisso, a gente não recua mais. Em 2017 a gente segue. A gente vai seguindo com isso e isso vai estabilizando, ampliando… esse processo inclui melhorar a qualidade dos praticantes, dos facilitadores, dos tutores, poder fazer as traduções, publicações, apoiar mais pessoas nos seus retiros curtos, médios e longos, melhorar as instalações e fazer tudo isso funcionar melhor. Então eu acho que isso é uma boa coisa. Quando há uma certa proporção entre praticantes e pessoas que entendem as coisas de um modo um pouco mais profundo e têm essa disposição compassiva em relação ao mundo, o mundo inteiro melhora. A gente está precisando disso. A gente está fazendo transições bem complexas; os nossos desafios agora são super complexos, da humanidade como um todo. A contribuição budista para isso é a visão de Terra Pura, não é outra coisa… é essa visão que a gente pode oferecer como uma contribuição direta dentro do mundo.

Video do Ensinamento Completo

A fala transcrita começa a partir de 1h04m:

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