A eco-crise é também uma crise espiritual? Como o budismo pode contribuir para responder às múltiplas crises do colapso ecológico, da instabilidade política, do racismo e do sexismo e da profunda desigualdade? Qual é o caminho do Ecosattva no século XXI?

O Mestre Zen filósofo e autor David Loy, reuniu essas questões por meio da abordagem do Ecodharma.

David lembra que a crise ecológica é um novo desafio que os ensinamentos budistas tradicionais não abordam, mas muitos desses ensinamentos têm implicações que são relevantes para a nossa situação contemporânea. Por exemplo, ele argumenta que existem paralelos importantes entre a nossa situação pessoal habitual – o nosso sentimento de separação do resto do mundo – e o nosso sentimento coletivo de separação do mundo natural hoje. Ele pergunta se existem paralelos importantes entre as soluções?

David também ressalta que depois que o Buda saiu de casa, ele meditou na natureza, despertou sob uma árvore e viveu e ensinou principalmente no mundo natural. Quando desafiado por Mara, o Buda tocou a Terra, dizendo que a própria Terra foi testemunha do seu despertar. David nos pergunta o que se perde ao trazer o budismo para dentro? Ele diz que há algo especial e precioso em meditar ao ar livre, na natureza, e redescobrir nossa profunda conexão com ela.

De acordo com David, o próprio budismo precisa se transformar para responder adequadamente às exigências do século XXI. Por exemplo, na época do Buda, o sofrimento (dukkha) era entendido como uma questão mais pessoal. David abre caminhos para responder à forma como o sofrimento também é coletivo e institucionalizado através da economia (ganância), guerra e colonização (má vontade) e informação controlada pelas empresas e redes de notícias falsas (delusão).

Essas e outras profundas reflexões serão trazidas e debatidas por David Loy em sua primeira visita ao Brasil durante os meses de maio e junho. Ao longo desse período, David visitará diferentes sangas do Cebb, tanto centros urbanos como algumas aldeias Cebb’s situadas em áreas rurais, promovendo debates, trocas e oferecendo sua extensa experiência nessa interseção do budismo com o mundo contemporâneo.