Como que a gente pode perder o contato com a natureza verdadeira da mente que não vem e nem vai e se identificar com aquilo que surge e cessa? A resposta é a originação dependente, a flutuação da energia junto com a mente. Quando surge algo desse tipo a gente engata e vai, então, nós tomamos como refúgio, como sensação de existência, justamente a capacidade de seguir esse fluxo de originação dependente, de ficar dando origem a significados, ficar andando pra lá ou prá cá. A gente se imagina sendo isso.
“Vocês se perderam de sua verdadeira natureza e, desse modo, agem a partir da delusão. Portanto, visto que vocês perderam o contato com a natureza verdadeira de sua
mente ao se identificarem com os objetos que percebem, vocês se mantêm presos ao ciclo de morte e renascimento*”.
Essa fidelidade que a gente tem com a originação dependente, e então ficar criando, que é essa flutuação da mente, é justamente o que a gente busca. A gente fica procurando coisas que produzam flutuação na mente. Se nada produzir flutuação da mente a gente acha que a vida não tem graça, a gente fica procurando isso. Quando isso surge a gente engata naquilo e vai, e se sente mais vivo, mais presente, mais verdadeiro. Portanto, a gente se mantém presos aos ciclos de mortes e renascimentos, porque tudo aquilo que a gente se engaja nesse sentido surge e cessa o tempo todo. O Buda dá o ensinamento sobre aquilo que não flutua mesmo em meio às experiências dos ciclos de mortes e renascimentos.
* Trecho do Sutra Surangama
Transcrição: Stela Santin
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