Pergunta realizada no Retiro de Verão de 2017.
Essa é uma boa pergunta. Esse ponto é a noção da dualidade. Tem o ensinamento de Düdjom Lingpa, em que ele conta que, quando ele se atrapalha, ele evoca Guru Rinpoche. Ele também pergunta “como eu posso ultrapassar esse ponto? ” Então, surge Dorje Drölo, que dá o ensinamento de como ultrapassar esse ponto. Isso está ligado, por exemplo, ao que ele vai chamar de “fazer desabar a caverna das aparências”. Porque a dualidade nos coloca num lugar cercado pelas aparências. Então, é a categoria de ensinamento de desabar a caverna das aparências.
Quando nós olhamos isso de uma forma mais detalhada, eu diria assim, o desabar da caverna das aparências é super importante, mas para desabar a caverna das aparências a gente tem que olhar como que a caverna das aparências surge. Olhando o surgimento da caverna das aparências, de repente, a gente não precisa mais nem derrubar a caverna das aparências, porque aquilo não é uma caverna, não é sólido. Aquilo é alguma coisa aparente apenas. A gente vai precisar perdoar a caverna das aparências, absolver a caverna das aparências. A gente vai precisar iluminá-la, vê-la de uma forma diáfana, luminosa. É isso que vai acontecer. O início disso é sempre o Prajnaparamita.
A gente pega o martelo e uma talhadeira e começa, pedaço por pedaço, quebrando a caverna das aparências. Porque a caverna das aparências, no início, parece sólida, mas enquanto estou quebrando a caverna das aparências, na verdade, eu estou trabalhando a noção da dualidade. Eu estou superando a noção da dualidade. Eu estou vendo que cada pedacinho da caverna das aparências é inseparável da própria forma como nós olhamos. E isso, enfim, é trabalhado também de uma forma mais ampla através da noção de bolha.
Bolha é a caverna das aparências operando: totalmente justificada, totalmente clara, operante, real, fluída. A nossa mente tem uma intimidade com a caverna das aparências, ela se move super bem ali dentro. Nós estamos confortáveis ali. Ainda assim, dentro das bolhas de realidade, nós apontamos outras pessoas, outras coisas. Nós estamos sempre descrevendo coisas que não somos nós. Nesse ponto, a gente entende que a nossa própria identidade surge justamente como esse processo de olhar desse modo.
Na medida que nós vamos entendendo isso, a gente vai até o ponto em que a gente reconhece a energia operando, porque a energia parece algo que dá solidez às coisas. A gente diz “bom, aquilo pode não ser assim, mas e essa energia aqui? “ Aquilo parece super sólido, super real. A energia simplesmente nos impulsiona. Quando a gente olha tudo isso, a gente termina vendo a realidade vajra. A gente começa a localizar coisa por coisa da caverna das aparências; cada detalhe da caverna das aparências começa a ser uma pedra luminosa brilhando. A caverna das aparências vira uma abóboda de elementos luminosos, todos eles. Isso é a Mandala Vajra. Então, a caverna das aparências vira a Mandala Vajra. Não tem nem um elemento na caverna das aparências que seja separado de mim e não tem um “eu” ali dentro. Tem a multiplicidade das experiências luminosas que já são não duais. Nós vamos operando desse modo.
Vídeo do ensinamento
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