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Sofremos de seriedade | Lama Padma Samten

Trecho do ensinamento oferecido por Lama Padma Samten durante o retiro “O Coração da Sabedoria: ensinamentos sobre o Prajnaparamita”, no Cebb Mendjilá (Canelinha, SC), no dias 14 e 15 de maio 2016.
“Quando estamos vivendo nossas vidas comuns dentro do samsara, as estrelas não têm importância nenhuma. As galáxias, o surgimento do universo, o tamanho das coisas, as escalas de tempo e de transformação, nada disso tem importância para nós. Estamos atarefados e de repente descobrimos o tamanho do planeta Terra dentro do sistema solar, o funcionamento daquilo, o tempo que o sol vai funcionar e depois se transformar em uma gigante vermelha, reabsorvendo todos os planetas (aquilo vai dar um problemão). Aí a gente olha e o sol é uma estrela dentro de uma galáxia com muitas estrelas maiores, de todos os jeitos, de todos os tamanhos. Esta galáxia é uma no meio de uma quantidade incrível de galáxias em todas as direções. Existe um universo muito amplo e nós estamos super focados em tarefas estreitas, colocando uma energia muito grande naquilo, como se aquilo fosse tudo. Então, uma forma interessante — que aparentemente não é espiritual e não tem nada de religioso — é a própria visão da ciência.
Se vamos para o macro, vemos isso. Se vamos para o micro, também nos admiramos de como aquilo tudo funciona. A nossa vida se dá em um nível intermediário. Se olhamos para o macro, nossa vida não importa muito. Se olhamos para o micro, ela também não importa muito. Nós estamos em um nível assim… que enfim não importa muito. Se olharmos no tempo, mesmo este nível é só um instante. Se olhar no tempo anterior e no tempo futuro, nossa vida é uma coisa super ínfima, mas a gente pega aquilo e amplia. Nós temos nossas emoções, nossas prioridades… nossa flexibilidade vai a zero, a gente não pode permitir que a coisa seja assim e não assim… Então esse é um ponto. A gente coloca seriedade nas coisas.
Então, quando ampliamos, vemos que o nosso samsara é particular, é flutuante: não tem a seriedade que a gente pensa e coloca naquilo. Toda essa seriedade e rigidez que a gente coloca corresponde às paredes do nosso local de sofrimento. A rigidez é a rigidez das paredes: “Isso aqui eu não atravesso”. Quando estamos dentro deste ambiente, vivendo condições inauspiciosas, essa rigidez das paredes faz com que a gente não consiga sair. Estamos ali dentro e aquilo tudo é crucial, é dramático, a gente não consegue atravessar aquilo. Então justo por isso a gente pode passar por sofrimentos longos. Esses sofrimentos tem a duração das paredes que nos prendem ali dentro. Aí vem o prajnaparamita, que vai trabalhar nisso. Não há essa rigidez.
Para poder olhar isso, começamos com a meditação. Sentamos em silêncio para trabalhar a ação de poder. A nossa capacidade de não flutuar diante das próprias aparências. Se não flutuamos diante das aparências, agora podemos olhar dentro delas e ver a realidade que elas têm. Esse é o ponto. Esse é o caminho do prajnaparamita.”

Vídeo do ensinamento completo

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