A minha experiência antiga com a física, é mais ou menos assim, por exemplo: antes de se trabalhar com o sistema heliocêntrico, as pessoas já estudavam o movimento dos planetas. Porém, os planetas tinham movimentos muito estranhos, pois tomamos por referência para esse estudo, o próprio planeta Terra, como se ele fosse o centro de tudo. Então, os outros planetas subiam, desciam, se movimentavam para cá e para lá. Faziam movimentos estranhos na relação com o planeta Terra, porque o planeta Terra não estava no centro. Assim, na medida que o planeta se desloca, parece que o movimento todo é o outro planeta que está se deslocando, mas é o planeta Terra que está se deslocando. Dessa maneira, o movimento dos outros astros parece muito complexo. Podemos até sistematizar isso, mas é muito complexo.
Quando começamos a trabalhar com o sistema heliocêntrico, ou seja, o Sol no centro, repentinamente, o movimento dos astros faz sentido. Tudo ganhou um sentido e ficou muito claro. Quando estamos trabalhando dentro da perspectiva usual do Samsara, é como se estivéssemos trabalhando dentro dos sistemas geocêntricos, porque tudo é complicado, não entendemos bem como as coisas acontecem. Já, dentro do sistema heliocêntrico, atravessamos para o outro lado e começamos a olhar desde a vacuidade e luminosidade, e aquilo fica claro.
Por vezes, também, pode ser trabalhado nas questões da física quântica e física clássica. Muitos fenômenos da física clássica são incompreensíveis, pois eles não são fenômenos da física clássica, são fenômenos olhados sob a perspectiva da física clássica, mas aquilo fica muito estranho, não tem como compreender. Quando começamos a olhar a partir da perspectiva da física quântica, abre-se uma clareza de como aquilo será entendido. Ou seja, é necessário trocar a linguagem e atravessar para o outro lado. Compreender como a realidade se coloca, como as coisas acontecem. Esse é o ponto. Neste ponto, estamos trabalhando dentro das aparências comuns das coisas, é como se estivéssemos trabalhando dentro da física clássica, com as aparências comuns. Não conseguimos entender como as lâmpadas ou a eletrônica funcionam e não entendemos várias outras coisas, não tem como entender.
Quando atravessamos para o outro lado, surge um outro mundo completamente inacessível à visão anterior. Esse é o ponto. Esse é o lugar, essa é a dificuldade. Agora voltamos para a física clássica. Por quê? Porque isso também aconteceu. Vem a física quântica, atravessamos para o outro lado, aí volta, os cientistas começam a olhar como eles podem explicar aquilo dentro da linguagem anterior, que é a linguagem com a qual todo mundo trabalha. Eles começam a desenvolver uma linguagem dentro da visão comum. Essa linguagem é um pouco fantástica. Por exemplo, o Buda explica a extinção e a não-morte. Agora vamos voltar para o lado de cá, onde existimos separados e estamos andando, e temos a morte. Temos as identidades, ou seja, a extinção não foi compreendida. Temos a morte, ou seja, a não-morte não foi compreendida. Assim, explicamos as experiências a partir da existência e da morte.
Transcrição do estudo de aprofundamento O Livro Tibetano do Mortos (07/10/2024)
Transcrição: Bruno Menegat
Revisão: Carol Reymunde
link do estudo: https://www.youtube.com/watch?v=TBNCk46G7HM&list=PLO_7Zoueaxd4awBbDJdJytKRvI9O9KGSZ&index=6&ab_channel=LamaPadmaSamten
Nesta quinta-feira, 28 de novembro, às 20h,
Série Diálogos Budismo e Sociedade com Lama Padma Samten
A Natureza da realidade
Atividade on-line, você pode participar ao vivo ou ter acesso à gravação.
Atividade presencial, no CEBB Sukhavati