O encontro realizado dia 1º de julho de 2023 na sala lotada da rua Maestro Cardim 1024, bairro do Paraíso, foi também uma comemoração dos 19 anos do CEBB SP (dia 28 de junho de 2004). Para marcar a data, o Lama Padma Samten aceitou nosso convite e conduziu online o puja da Prajnaparamita direto de Bacupari, onde realiza os retiros de inverno 2023. Após o puja, mostrando-se feliz de ver toda a sanga na mesma sala presencial, alunos antigos e novos, o Lama disse algumas palavras (profundos ensinamentos) e depois conversou com vários praticantes que ajudaram na criação do CEBB SP.
Seguem alguns trechos da fala do nosso Lama:
O CEBB SP, como os outros também surge magicamente do próprio Buda, da sua intenção iluminada. Os centros budistas surgem e as pessoas com brilho no olho se sentam em roda, praticam juntos, estudam, se alegram e olham com profundidade todas as coisas. Então, tem essa energia aqui, que faz o nosso olho brilhar, nos faz sentar em roda, em silêncio e buscar. As várias salas de meditação dos vários grupos budistas em todos os lados, são a expressão direta da manifestação da compaixão do Buda, expressão direta da ação de sonho do Buda. Eu acho que essa é a compreensão mais protetora que se pode ter com respeito aos próprios centros de Darma. A gente não pensa que o centro de Darma surge no seu surgimento comum, na sua aparência comum, como o Buda surge em Lumbini e morre em Kushinagar. O Buda é muito mais do que o Buda que surgiu em Lumbini e que morreu, desapareceu em Kushinagar.
O Buda é a natureza incessantemente presente.
E assim os vários centros de Darma são os corpos, são a manifestação Nirmanakaya dos próprios Budas. E o aspecto Sambogakaia, os ensinamentos, não é?
Fico feliz de que a gente tenha feito a prática do Prajnaparamita. Porque é a expressão mais próxima das coisas que temos feito dentro do CEBBs em diferentes centros. Eu diria, que o aspecto contínuo que tem nos mantido unidos é vermos todas as práticas como expressões justamente do Prajnaparamita, não é? Então, a visão do Prajna pra mim é como uma visão que une as várias expressões dos ensinamentos do Buda. Ela revela o aspecto último de um modo muito direto e permite trabalhar com as múltiplas aparências. É um desafio constante mantermos essa lucidez e esse reconhecimento do Prajnanaparamita nas nossas múltiplas experiências. Ele pode nos acompanhar nas várias etapas do dia, da vida. Então eu queria agradecer. E regozijar-me. E declarar essa felicidade pelo que tem acontecido nesses últimos anos a partir do CEBB SP. Vendo também o quanto o CEBB SP pode expandir, se expandir nos múltiplos centros budistas e nos diferentes lugares. Como os praticantes vão irrigando e vão sendo irrigados também, diferentes conexões. Ele tem essa característica maravilhosa, de se manifestar desse modo aberto e amplo, não é?
Então agradeço o que está aí. Agradeço a Inez, que acreditou e conseguiu fazer as coisas andarem, não é? E agradeço a cada um que também foi segurando isso em diferentes etapas. Queria estar mais perto também dos múltiplos novos praticantes. Eu vejo como a base de tudo o que o Buda fez, o Buda sempre sentou em roda junto com a Sanga.
E então a Sanga é a própria inspiração do Buda, não é?
Nós podemos estar juntos, nos ajudarmos, nos entendermos e quando uma pessoa pratica junto com as outras, ela avança junto, é desafiada pelas experiências dos outros e nós podemos desenvolver melhor a compaixão e a compreensão.
Então aprendemos conosco e com os outros as nossas dificuldades. Elas se tornam também um conteúdo para os outros. E a nossa possibilidade de sentarmos em roda numa sala é muito importante. Está certo que agora a gente tem as salas online, que também são maravilhosas, onde a gente pode se abraçar todo dia, pode se ver
Mesmo que tenha alguns que foram parar lá em Maceió, não sei como (risos). Acharam que Maceió seria melhor assim, mas tudo bem, está explicado porque tem uma casa na beira da praia. Fazer o quê? Eu queria também, vou visitar o CEBB numa hora dessas, tá?
Queria estar mais perto também dos múltiplos novos praticantes de São Paulo, que a gente se vê aqui online, mas a gente não tem muita oportunidade de se ver presencialmente, não é?
A gente está vivendo esse tempo onde as práticas presenciais estão retornando.
Vejo como a base de tudo o que o Buda fez, o Buda sempre sentou em roda junto com a sanga. E então a Sanga é a própria inspiração do Buda, não é?
Nós podemos estar juntos, nos ajudarmos, nos entendermos e quando uma pessoa pratica junto com as outras, ela avança junto, é desafiada pelas experiências dos outros e podemos desenvolver melhor a compaixão e a compreensão.
Então aprendemos conosco e com os outros as nossas dificuldades. Elas se tornam também um conteúdo para os outros. Assim, a nossa possibilidade de sentarmos em roda numa sala é muito importante. Está certo que agora a gente tem as salas online, que também são maravilhosas, onde a gente pode se abraçar todo dia, pode se ver.
Com esse sonho da Inez e como ela também vai falar, a gente ainda não está nos tempos de degenerescência, onde a própria experiência do Buda não esteja presente, não é? E num sonho, numa inspiração assim, o Buda existiu enquanto uma aparência ilusória em meio ao mundo. No décimo Bumi, ele surge como a nuvem do Darma, carregada de compaixão e lucidez. Que vai regar a mente búdica dos múltiplos seres.
É a própria manifestação da natureza búdica, a clara luz mãe, aquilo que penetra em todos os lugares, está presente primordialmente em todos os lugares, inseparável, de todos os seres. Então estamos num mundo mágico inseparável da própria mente búdica.
E cada um de nós é a manifestação dessa mente búdica junto com as aparências todas.
Como o mundo, ele surge como se fosse um conjunto de referenciais de várias ordens, como se fosse uma multiplicidade de mundos que se interliga e surge a grande mandala de Samantabhadra.Mas essa multiplicidade de mundos é completamente inseparável do próprio Buda. Os seres que surgem dentro desses mundos, por vezes se veem separados.
Que é como o exemplo que o próprio Buda dá, de nos olharmos no espelho e nos vermos sem olhos. Como é possível? Seus olhos estão vendo a própria imagem, não é? Então essa é a descrição da ignorância que assola os seres, que olhando a realidade de todas as coisas, perguntam: o Buda, onde está? É como o louco, se olhando no espelho e se vendo sem os olhos e saindo correndo em todas as direções, buscando os olhos que ele tinha perdido. Somos aquele que corre em todas as direções, buscando os olhos que perdemos, sendo que os olhos que perdemos são nossos olhos que estão vendo, não é? Então, somos seres de sonho imerso em sofrimento de sonho. Esses seres de sonho imersos em sofrimento de sonho são o objeto do Buda, o Buda manifesta também um corpo de sonho para benefício de seres de sonho imersos em sofrimento de sonho.
E ele disse, eu não vim e eu não vou. Porque esse vir ao mundo é algo que não tem substancialidade, não sai de nenhum lugar. Ele ilumina os mundos. A multiplicidade de mundos. ilumina a mandala inteira de Samantabhadra. E surgem como corpos de sonho para produzir benefícios de sonho para seres de sonho, imersos em sofrimento, de sonho.
Então, agradeço a Inez, que acreditou e conseguiu fazer as coisas andarem, E agradeço a cada um que também foi segurando isso em diferentes etapas.
A sala on line é uma sala, até diria, mais aberta, porque os pets entram e entram os familiares, e a gente vai olhando a casa das pessoas, se está arrumada, se não está, como é. A gente vê os praticantes que estão sempre na praia, vai entendendo, mais ou menos o que anda acontecendo. É interessante, muito bom isso. Vejo a Vânia sempre na sala do CEBB SP, sempre, a parede da sala do CEBB SP. Não sei onde é que ela anda, mas carrega a sala do CEBB SP junto. (Lama se referindo ao fundo de tela das salas online)
E a Norine no RJ. Olho daqui, aquelas nuvens são sempre as mesmas, ela fica meio desconfiada. Então, nós estamos aí. O Murilo está aqui, já não sei se é ele mesmo, se não é um robô, está parecendo que é o Murilo, mas não é o Murilo. Estamos nessa situação, e a Elen sempre segurando as coisas. Maravilhoso, agradeço.
(Falas de alguns alunos mais antigos que contribuíram com o nascimento do CEBB SP)
Inez: Na verdade é sempre mágico mesmo como o Lama falou, um milagre, não lembro até hoje o que aconteceu, mas tem aquela historinha pequenininha que foi antes da inauguração da sala CEBB SP há 19 anos. Antes disso teve um antes. O primeiro antes foi a minha conexão com o Lama Samten, que fulminante, mágica, milagrosa.
E teve o primeiro encontro, primeiro dia em que a gente se reuniu pra conversar e começar as práticas. Queria colocar um parêntese rapidinho: assim que tive a conexão com o Lama, fui atrás dele pra fazer o retiro, ouvir os ensinamentos. E o 1º retiro que eu fiz foi no CEBB Caminho do Meio sobre os 12 Elos. Nos primeiros 5 cinco dias era só o 1º elo, nos outros a gente terminou os elos. Aquilo não saiu mais da minha mente e até hoje. E o extraordinário, na verdade os 12 Elos são clássicos, eu vivo literalmente isso.
Ofereci pro Lama organizar palestras em São Paulo, queria que todo mundo conhecesse o Lama: no Estádio do Morumbi, no Ibirapuera, onde pudesse. Queria que São Paulo inteiro pudesse ouvir o Lama. Procurei e foi um ano intenso. Assim que coloquei no ano muitas palestras como a nossa, ele foi pra todos os lugares de São Paulo. E surgiu essa vontade do grupo – enquanto ouvíamos os ensinamentos, as pessoas conhecendo o Lama – de formar um grupo de estudo. Foi o momento em que a gente sentou, o Lama e eu, e a gente começou a pensar como seria isso. Quer dizer, o Lama, né? Eu não tinha ideia de nada, não sabia nada do que poderia ser feito, nem como fazer. Mas ouvi as instruções preciosas do Lama, também carrego até hoje, estou entre aprendendo a utilidade e a profundidade delas.
“Vamos chamar as pessoas que querem estudar, praticar. Vocês vão sentar em roda primeiro, em silêncio, depois estudam o Darma, que seria o livro Meditando a Vida, que eu tinha acabado de comprar. E depois, vocês tomam chá.”
Então essa foi a instrução inteira, não é? Vocês se encontram em silêncio, estudem os ensinamentos e tomem um chá.
E eu disse: vou obedecer, não sei nem o que vai acontecer, nem o que está acontecendo, mas é isso que eu tenho que fazer, preparar a sala, propor essa ideia do tema proposto.
Quando houve o primeiro encontro que a gente tinha marcado a data, me deu aquele frio na barriga. Comecei a imitar o Lama, numa época que falava assim: “alôu, Guru Rinpoche” Quando ele brincava que a gente pedia uma inspiração.
No dia de ir pra esse primeiro lugar, que foi um espaço cedido, uma galeria de arte, eu já tinha um grupo imenso. Aí comecei pedindo pelo Lama Samten. “alôu” nem sei o que eu pedi, não sei nem o que acontece, mas…tô aqui, né? Entramos na sala e apresentei o Lama Samten. Aí aconteceu um milagre. Entrou quem, nesse primeiro dia? A Denise!
Lama: Acho que a De foi com as meninas.
No primeiro dia foi com a filha Carol.
Então, o milagre já se fez Guru Rinpoche assim, depois entendi quando eu pedi: Lama, me ajuda, e ele: não se preocupe, estou mandando a Denise.
Entrou a Denise e acho que a história vem junto com ela, ou a partir dela ou tudo junto nesse primeiro dia do encontro. Ela tentou até fugir.
Denise: Conheci o budismo no Vesak, que tem em maio, peguei vários folhetinhos de centros já começados. Peguei o da Inez, onde tinha as palestras do Lama, mas não vi essas palestras, fui ver depois que o Lama já tinha dado as palestras, mas tinha o telefone da Inez, liguei e a Inez falou, “olha, a gente vai se encontrar, vai ser um primeiro encontro assim, lá na galeria de arte da Helô e eu fui. E me encantei muito, a Inez falando, super bem, nem transpareceu nada, viu Inez?
E o Meditando a Vida, foi maravilhoso. Tomei esse primeiro contato com o budismo ali. Mas eu queria sair, queria fugir e falei: vou começar num negócio que está começando? Não, acho que vou num centro já começado, então vou pegar outros folhetinhos e sair.
Só que não contei pra Inez esse meu medo, mas falei que estava me fazendo muito bem e o meu sangue corria quentinho nas veias, né? De ouvir os ensinamentos, tudo… E ela me fisgou. Ela então falou: “Isso porque você não conhece o Lama”.
Aí pensei: “vou esperar, vou conhecer o Lama”. Ele vinha mais frequentemente e logo veio de novo. E quando o conheci, foi lindo, nem veio a vontade de fugir. E fomos juntas, seguindo.
Inez: Só um pouquinho mais dessa história: é uma homenagem que eu e a Denise combinamos, e que pensamos nesse momento em duas pessoas: uma foi a Brenda, que estava no início conosco, e a outra que eu vou contar um pouco aqui. Vou fazer essa dedicação de méritos também para a Brenda, que participou desse início todo.
Tem uma outra pessoa que a gente pensou em homenagear, e tem uma historinha paralela. E a gente começou a mudar de local. Saímos do espaço da Heloísa e fomos mudando de locais. O mesmo grupo estudando, praticando muito e tomando chá.
Alugamos uma salinha na Vila Madalena. E nessa salinha, de repente entrou uma pessoa, a Laís Wollner, naquele comecinho. Ela era física, tinha já uma conexão muito grande com a física, e já conhecia o Lama Samten. Tinha também uma conexão com o mestre Liu Pai Lin, como professora de Tai Chi Chuan que era. E eu tinha uma conexão com o filho dele, o mestre Liu Chih Ming. Então nós criamos aquela conexão e ela entrou de cabeça junto com a gente, praticando.
E teve o sonho da casa. Pensamos: a gente não tem mais que ficar de lugar em lugar. E escolhemos um lugar para nós. E no sonho, quem encontrou esse lugar foi a Laís – que conhecia a Jane – que é essa sala até hoje. Era pequenininha, a gente foi dominando o andar inteiro. A Laís nos apresentou a Jane, da cerâmica, que também nem imaginava que a vida dela fosse se transformar tanto. Imediatamente conversamos com a Jane, conseguimos alugar essa primeira salinha que tem a metade da área da sala atual. Essa foi a primeira oficial que a gente alugou.
E aí começou tudo. A Laís foi quem indicou a sala e então, a gente lembra dela quando olha pra sala, lembra da Jane que tá aí, vendo a gente; lembra da Rosana que pintou, decorou toda essa parede maravilhosa, a colaboração dela no altar, então, tudo foi surgindo assim, magicamente, pessoas surgindo e tudo aconteceu.
Tem uma outra presença da Laís, que eu também queria homenagear, porque a imagem do mestre Liu Pai Lin ficou no altar um bom tempo, houve essa conexão. Então, essa presença da Laís, nossa dedicação de méritos e homenagem, ela faleceu há pouco tempo, era tia da Sílvia que também conduzia a Sanga da Ilhabela, saiu, mas parece que voltou.
Nesse processo todo, começamos a praticar e chamamos o Lama. Ele veio fazer a bênção da sala com o Prajnaparamita, estava superlotada e a gente considerou como o início formal do CEBB SP. A partir daí só foi chegando milagres, pessoas maravilhosas, por todos os lados. Alessandra Pizzigatti, não sei se ela está aqui. O Marcelo, Fernando Leão, Eliane, a Jeanne, Gustavo Gitti, uma turma. O João Petry passou pela sala com teatro, foi pro CEBB Darmata.
No comecinho ficávamos eu, Alessandra, Denise, a Brenda, e a gente fazia o Guru Ioga juntas, sonhando tudo junto. Depois apareceu o Marcelo e a gente já estava em Campinas, também na praia, e tudo foi caminhando e andando. E o saldo tá hoje aí.
Agradeço profundamente, já falei bastante. Agradeço ao Lama, a Denise, a Sanga toda. Porque eu realmente não vi nada bem acontecendo, quando vi, já estava tudo acontecendo e tão lindo, tão especial que é o CEBB SP. E antes que eu chore, meu profundo agradecimento. Sem o Lama Samten não teria nada disso. Ele representa o nosso Buda vivo, como ele disse, isso é a intenção iluminada do Buda, e a gente poderia dizer que é a intenção iluminada do Lama Samten. E a gente está tentando aprender, não é? Tentando aprender junto. Obrigada e obrigada!
Alessandra: Estou aqui, conseguem me ouvir? Nossa, super emoção, o coração está pulando de alegria de estar com vocês. Que bom lembrar dessa graça que aconteceu nas nossas vidas, não é? Quando o Lama Samten se aproximou e o CEBB SP surgiu. E a De, a Inez como se fossem mães nos acolhendo assim, dentro da sala, nos protegendo, nos ajudando a localizar o quê é o quê dentro de todo o processo com o CEBB, com o Darma, foi uma emoção. Me senti nascendo dentro de uma Sanga, foi uma conexão de coração assim com todos, Marcelo também, depois a Eliane, o Fer.
Foi muito especial o CEBB SP nas nossas vidas e na minha vida em especial foi o grande impulsionador de práticas, porque logo o Lama e a Inez me colocou assim “conduz um Prajnaparamita, conduz uma meditação” E aquilo foi muito, como que a gente fala? Era difícil, como que a gente ia se colocar na frente dos outros, conduzindo práticas, a gente nem sabia direito se a gente estava praticando, mas aquilo foi tão importante, trazia esse olhar da gente se ver, né?
E aconteceu assim, como um empurrão para o primeiro retiro fechado, que foi um divisor de águas. Muito, muito interessante, tudo o que ocorreu a partir do CEBB SP, foi o nosso início. Então, meu coração está sempre conectado, me sinto em casa, na salinha do CEBB SP. A De, Inez é inexplicável, é um laço eterno, essa a sensação que eu tenho. Então queria agradecer ao Lama que sempre nos aproxima dos ensinamentos, de uma forma tão singela, tão suave, tão sutil, e aquilo vai entrando devagarzinho, quando a gente vê, já tá, né? Então, agradeço ao Lama, a toda essa sanga linda, nacional, a De, Inez, ao Marcelo, Fernando, Eliane, Jane a todos que chegaram no CEBB SP, essa fogueira inicial da qual eu fiz parte. Gratidão, alegria.
Marcelo: Um oi, queridos, obrigado. Fui morar em São Paulo em 2004, e aí um praticante de Curitiba me falou, a Inez tá com o maior gás lá, está começando um CEBB em São Paulo, procura a Inez, e me deu o contato dela. E procurei a Inez, lembro a primeira vez que eu tive contato com uma reunião na salinha pequena e com o Andrezinho ainda, né? A gente conversando sobre os estudos, e nesse ano, trouxemos muitas vezes o Lama, São Paulo tinha aqueles eventos. Teve muitas palestras maravilhosas. E aí, fui acompanhando, os retiros também no litoral, Boiçucanga, Camburi, foram muitos eventos maravilhosos, e a gente foi se conectando. Nessa época também comecei a fazer traduções, estudava “O caminho simples” do Dalai Lama, que o Lama sugeria. A Jane e eu estudamos muito juntos na sexta à noite. Foi tudo muito bom como todos já comentaram, um período de expansão em muitas direções.
E surgiram os retiros fechados, lembro quando a Ale foi fazer, o Juca, Raquel, a Márcia, o primeiro retiro, em 2006. Nesse ano veio Sua Santidade Dalai Lama a São Paulo. O Lama Samten deu um retiro de 10 dias de Prajnaparamita na sequência, foi um movimento muito intenso. Tão bom que a gente decidiu morar lá em Viamão no CEBB Caminho do Meio. Então, eu agradeço muito. Realmente, o CEBB SP foi um período de expansão, de aprendizado, muita gente maravilhosa que chegou, que até hoje tem conexões. Também só tenho a agradecer e seguimos juntos!
Denise: obrigada Marcelo, sempre me apoiando, sempre trocamos figurinhas!
Fernando: Oi, pessoal. É muito bom, né? A gente fica olhando vocês todos. Chegamos no CEBB SP em 2005. A gente tem 18 anos de CEBB e 18 de budismo. Não conhecemos outro local que não o CEBB. É muito engraçado. Imaginem há 18 anos, o que era a internet? A lenha, praticamente, né? Lembro que Eliane achava os textos do Lama – só tinha textos, a internet era basicamente texto – e mandava pra mim. A gente era casado, morava na mesma casa, mas ela mandava via e-mail pra mim. Até que um dia ela falou assim: olha, “aquele cara” dos textos vem pra São Paulo, vamos lá. Foi assim que a gente entrou no CEBB SP, pra ver o cara dos textos, né? Foi maravilhoso ouvir a primeira palestra do Lama, foi sobre a relação professor, aluno.
E no CEBB SP, sala apertada, gente sentado no joelho em cima do vizinho, cheio de gente pela escada. Depois o Juca (marido da Jane) uma hora, praticamente obrigou a gente a escolher um lugar para fazer as palestras do Lama, porque, e ele falou, “olha, a casa não vai aguentar.”
Foi nessa época e em 2006 que veio o Dalai Lama. Aí, a Brenda chega pra gente, dá a chave do CEBB SP e fala assim: a partir de agora vocês cuidam da lojinha. A primeira atribuição no CEBB SP foi cuidar da lojinha com a chave. Um olhou pro outro e disse “cara, esse povo é doido. Como vão dar a chave do CEBB pra gente? Nem conhece, nem sabe qual é a nossa?”
Isso representa muito o que é o CEBB SP. É esse espaço de acolhimento. Quando estava nessa coisa de ter palestras entupidas com o Lama, a gente falava assim: “parece que a parede do CEBB SP é de borracha, né? Quanto mais gente vai, parece que ela vai abrindo para os lados, pra caber todo mundo. O CEBB é essa coisa de acolhimento, de receber todo mundo.
Eliane: falando em acolhimento, nossa primeira prática foi com a Alê, uma atividade com as crianças. Estava a gente, o Altair e os 2 sobrinhos, e a gente fazendo a prática de colar bolinha de papel na bolinha das cinco sabedorias. Depois, estudo o Marcelo Nicolodi ensinando pra gente a Roda da Vida, num domingo de chuva, estava só eu e o Fernando, o Marcelo ensinando pra gente a Roda da Vida.
Falando em memórias, os chazinhos com a Jane no ateliê dela, vendo aquelas coisas lindas, que coisa mais gostosa.
Fernando: Maravilhoso esses 18 anos, tanta gente que conhecemos, que a gente entrou em contato, essa Sanga viva, quentinha. Eu vi aqui num dos quadradinhos rapidinho, a Ju Ricci, que hoje está em Barcelona e a gente se encontra, então, não tem espaço, não tem tempo. Assim, a gente tem a experiência do espaço, além do espaço e de um tempo além do tempo. A gente visualiza vividamente assim na minha frente e puxa vida. Sou muito grato ao CEBB por tudo que trouxe pra a minha vida. Não foram poucas coisas.
E ter contato com essa galera toda que está aí e para homenagear todos eles, só homenageando o Lama, que é as Três Joias, o Lama é o Buda, o Lama é o Darma, o Lama é a Sanga . Então homenageando o Lama gente, estou homenageando cada um desses quadradinhos que estão aqui no zoom e cada um de vocês, tenho uma gratidão imensa por estar junto,
Eliane: em especial a Denise, que foi a nossa tutora, a Inez, por ter criado, possibilitado tudo isso, muito obrigado.
Fernando: Se não fosse o CEBB SP, não estaríamos morando em Maceió. E nem teria passado pelo CEBB Alto Paraíso também, que é maravilhoso. Obrigado, gente.
Denise: A Ju (Juliana Ricci) foi lembrada, ela está em Barcelona, trabalhando muito para o CEBB SP, nos ajudando muito aqui.
Lama: Eu acho que uma das características, é justamente a capacidade de acolher os praticantes que vão chegando, empoderar os praticantes. Acho que é um exemplo para os vários CEBBs, sabe? A gente seguir desse modo, manter essa mandala acolhedora, que vai empoderando e as pessoas vão seguindo a gente acreditar que isso funciona. Acho que foi uma temeridade ter dado a chave para a Eliane e o Fernando, mas tudo bem, se eu soubesse, ia dizer não, não dê. Mas até que funcionou.
Denise: Isso é uma característica do CEBB também, né, Lama? O acolhimento. É em qualquer lugar, se a gente tiver aqui em São Paulo, vai lá para Viamão, vai pra Maceió, vai pra Barcelona… Você já vai em qualquer lugar que tenha praticante do CEBB a gente vai sentir essa alegria, a energia amorosa do Lama e essa vontade de estar junto. Porque a gente tem esse nascimento precioso que o Lama nos dá.
Lama: Os seres têm a natureza búdica, vamos acreditar.
A Jane, ela acolheu todo mundo e foi chegando, foi aprofundando. Foi maravilhoso isso. Assim, ela também acreditou.
Denise: E continua com chazinhos também, até hoje vai nos seduzindo com chá. É uma arma poderosa dela.
Lama: Eu lembro da casa. Era muito fácil fazer eventos porque simplesmente era a casa, a gente já tinha, era muito fácil, muito bom.
Denise: As pessoas também hoje trouxeram, além dos comes, flores para o altar, trouxeram flores sem ser em vasinho, sem ser plantada. Alguém me perguntou, tem vaso? Pede para a vizinha, aí já foram lá na Jane que providenciou um vaso, então é essa relação assim, já estamos em casa mesmo, é fácil. Lama, o Murilo quer falar.
Murilo: Queria fazer um comentário breve. Agradecer todos vocês por esse trabalho incrível nessa história. Eu não conhecia, sou novo no CEBB SP, apareci na pandemia, descobri o budismo recentemente. Quando eu fui, o Gustavo Gitti que me falou do CEBB SP e me passou um dia o e-mail do Lama Samten. Falei: “Não tem como falar com o Lama Samten?” Ele: “Ó, tem um e-mail, mas não espalha”.
Lembro de ter enviado um e-mail pro Lama e dentro de tudo o que eu escrevi lá, um textão, falei assim: gostaria de ser seu aluno e de continuar o seu trabalho.
E agora, há poucos anos aqui no CEBB SP, escutando vocês nessa história linda, lembrei de um exemplo que o Lama dá para a gente entender melhor a realidade. Eu queria comentar isso. É mais ou menos assim: as prisões, as cadeias não resolvem o problema. Porque você prende a pessoa de uma facção e a facção continua. Então não é assim que resolve. Porque tem algo maior que fica pairando sobre as pessoas que mantêm essa facção funcionando. Mas olhando por um lado positivo, o CEBB é como isso. São Paulo se tornou isso, muitas pessoas passaram por aqui, vêm e vão e ele continua pairando com esse acolhimento.
Fui acolhido na pandemia, uma época super difícil e de repente me vejo acolhendo os que estão chegando também, indicando pessoas, falando pra assistir a palestra… Daqui a pouco nem todos nós estaremos, mas eu vejo que os de São Paulo devem continuar por causa dessa mente, vamos dizer assim, que foi criada e sustentada por todo mundo que está aqui.
Queria agradecer vocês por terem feito isso até eu conseguir chegar. E espero ajudar a manter isso por um longo tempo e que muitas pessoas se beneficiem. Obrigado, gente.
Lama: Obrigado, Murilo. Acho que teu discurso foi melhor do que um discurso do chatgpt faria. Mas não sei se você existe mesmo, tem que ver hoje, vou deixar todo mundo em dúvida.
André: Olá, tudo bem? É só agradecer. Morei em Maceió anos atrás e conheci o CEBB, porque o Fernando, a Eliane resolveram morar em Maceió e eu lembro, acho que era no apartamento deles. E a primeira vez que eu fui lá, pensei: nossa, que povo maluco, eles abrem as portas do apartamento deles e vai todo mundo lá. Acho que foi isso que me trouxe pro CEBB SP, essa sementinha que foi plantada lá. Depois fui morar no exterior, voltei pra São Paulo, vim morar aqui. E estou aqui agora, vou agradecer muito ao Fernando, ele foi que plantou essa sementinha lá em Maceió. Um prazer agradecer a todo mundo, me sinto sempre muito acolhido. Independentemente de qualquer lugar, é um lugar de muito acolhimento, muito obrigado e gratidão.
Fernando: Viu só, Lama? De vez em quando a gente acerta. Tudo começou com a Brenda, que deu a chave.
Mônica: Lama eu fui na sua primeira palestra no Pacaembu, numa salinha do estádio do Pacaembu. Como sou meio míope, demorou um pouquinho até achar essa salinha, mas cheguei lá, encontrei o Lama e não foi no estádio. Um sonho, porque recebi um e-mail de um amigo falando que ia ter uma palestra do Lama no Pacaembu. Eu havia me conectado 5 anos antes, com o Dalai Lama, quando esteve em Curitiba ele falou dos Lamas que estavam no sul, fiz a conexão. E quando soube da palestra no Pacaembu, meus pacientes desmarcaram, foi desmarcando todo mundo. Liguei pra uma amiga: olha, não quer ir na palestra de um Lama, que vai ter no Pacaembu, ela: vou, estou lendo um livro sobre meditação nas minhas férias. Aí chegamos, fiquei muito feliz e lembro exatamente das palavras do senhor: “O farol que a gente tem que encontrar…”, e eu encontrei e estou aqui no CEBB SP há muitos anos e graças a Inez e a Denise também. Temos muitas histórias, de estar reunido lá na casa do Carlos, na casa da Rosana… muitas histórias.
Me emocionei muito aqui, passou um filme na cabeça Inez, de quando eu me sentava na sua frente e você falava, coçou? Você coça ou não, né? Movimenta ou não? Então é só gratidão, inclusive os amigos que eu fiz na vida são um divisor de águas. A minha vida mudou completamente e eu agradeço ao Lama de coração, gratidão, gratidão, gratidão, Denise. Gratidão a sanga, gratidão Inez, às amizades maravilhosas, a Juliana que está aqui, amiga querida, trabalhamos juntas, só coisa boa!
Vania: Cheguei no CEBB SP 10 anos depois de ser inaugurado, bem no finalzinho de 2014, por intermédio do Gustavo Gitti. E aí logo a conexão foi tão grande, a recepção tão calorosa, fui muito acolhida. Em fevereiro já fui no retiro, em Viamão, e em maio, fui fazer um retiro fechado, em Darmata e em junho já me convidaram para oferecer o puja e já me deram a chave na mão. Eu falei que lugar é esse? Para mim foi muito, muito, importante mesmo.
Acho que é, na minha avaliação, o lugar que eu mais me sinto pertencendo nessa experiência de vida, que nem sei explicar. Tenho muito a agradecer ao CEBB SP e ao Lama Samten, que vive no meu coração, conexão mente a mente, com certeza e que o CEBB SP neste momento de retorno das práticas presenciais, que o lung de toda Sanga possa se aquecer novamente e a gente continuar se expandindo. Estou agora em Minas, metade um pezinho aqui em Minas e outro pé em São Paulo e quero continuar a conexão com vocês. Espero que eu possa trazer um pouco de CEBB pra cá, não sei como eu vou fazer isso, mas estou confiante. Gratidão Lama! Obrigada Denise, obrigada Marcelo, obrigada Jane, amo você Jane.
Jane: Me sinto muito feliz de ter participado um pouco da criação do CEBB SP, conheci o Darma também lá no Pacaembu, foi maravilhoso e daí pra frente sempre participando. Agradeço!
Lama: A Jane é aquela que acolheu o tempo todo, é a dona da casa, nossa vizinha, ajudou, ajuda o tempo todo.
Inez: Ela fazia os presentes de cerâmica que a gente oferecia para os mestres que recebíamos, eram sempre presentes, oferendas da gente.
Lama: Obrigada Jane.
Lama: Então, obrigado, pessoal, por essa alegria. Isso é um presente realmente, as pessoas todas. Lembrando esses pontos acho que alguém devia transcrever, porque foi bem interessante.
Denise: o Lama pediu para fazer um relato dos eventos do Darma que o CEBB SP participou, organizou
Alan Wallace em 2005, primeira vez que ele veio ao Brasil, a gente trabalhou bastante, o CEBB SP era uma espécie de QG central aqui, fazendo contato com a imprensa, entrevistas, organizar os lugares e tudo mais, foi bem bacana.
Teve Sua Santidade, o Dalai Lama, em junho de 2006 e também o retiro com o Lama Samten de 10 dias sobre o Prajnaparamita.
As vindas do Namkai Norbu Rinpoche, a gente sempre ajudava com a estrutura.
As relíquias do Buda, organizamos no Centro Cultural Hiroshima, em 2010. Quando as relíquias chegaram no Brasil, a gente teve que abrir o CEBB SP para guardar todas as coisas da exposição, os banners, ficamos esperando todos aqui à noite. Mas não sabíamos da surpresa que eram as relíquias. E o Christian, segurando aquela mala, falou: “Gente, eu preciso de um lugar para colocar”, e eu na inocência, achei que ia ficar no carro enquanto descarregavam as coisas, mas não, ele trouxe, a gente foi atrás da vizinha Jane que nos salvou, trouxe uma mesinha, colocamos nessa parede, embaixo da flor do nó sem fim. Se a gente raspar a parede, vamos ter as bênçãos dos vários mestres, das relíquias do Buda que ficaram naquela caixa imantando essa sala: Buda Sakiamuni, Buda Kashyapa, Yeshe Tsoguial, Milarepa, SS 1o, 15o e 16o Karmapa, SS Dujom Rinpoche, Kalu Rinpoche, Tsongkhapa, Longchenpa, Marpa, Atisha, Nagarjuna, Rahula, Sariputra, Ananda
Também ajudamos na vinda de Sua Santidade Sakia Trizin, em julho de 2011, apoiamos na divulgação e em setembro SS Dalai Lama apoiamos com voluntários.
Tenzin Wangyal apoiando na divulgação
E os retiros do Lama e as palestras. Que lindo ver a Sanga se mobilizando quando a gente sabe da vinda do Lama, aquela energia vem com tudo e todo mundo ajudando em tudo e tudo acontece. E a gente aproveita então para pedir a data da sua próxima vinda.
Inez: Lembrei também das conexões que com o templo Zu Lai, com a reverenda Sinceridade, e depois o Lama foi viajar para Taiwan.
O Arthur Shaker e os vários mestres Theravada que também acolhemos, a Monja Coen do Zen.
Denise: E alguém colocou aqui no chat que estão surgindo as aldeias CEBB em São Paulo, tem a de Jarinu, o potencial do CEBB rural.
Agora temos uma aspiração, que todos possam ver o lama Samten, nosso querido professor e alegre como todos os brasileiros movido por imensa compaixão por todos os seres, tocando profundamente o coração de quem o escuta. Aspiramos que todos os paulistanos possam ouvi-lo e que possam praticar os ensinamentos sem precisar mudar de tradição religiosa ou sequer ter uma tradição.
Assim, pretendemos acolher a todos com alegria e nos ajudar a viver melhor.
Que todos tenham esta grande bênção que é ouvir e praticar o Darma precioso do Buda!
Lama: Obrigado, De …fizeram tudo bonito aí! Imagina quando for 20 anos!
Denise: Ah! Ia falar isso mesmo, no ano que vem a gente fazer uma grande festa, com retiro e com a presença do Lama!
Lama: Combinado, fechou!
Dedicação de Méritos
FIM
Transcrição e Revisão
Ieda Estergilda de Abreu, com apoio do Murilo Kurti pela IA
Leitura Final: Denise Barranco